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Foto do escritorThayse Dules

Transtorno do Comer Compulsivo e a Alotriofagia

Atualizado: 18 de abr. de 2019

Transtorno do Comer Compulsivo


A compulsão alimentar é caracterizada quando o indivíduo consome uma quantidade excessiva de alimentos em um curto período de tempo, acompanhada de uma sensação de perda de controle sobre o seu comportamento alimentar! Desta vez vamos explicar sobre Transtorno do Comer Compulsivo (TCC).


Em um episódio de compulsão, a pessoa pode chegar a consumir uma quantidade calórica extremamente alta, e come de forma inespecífica, sem prazer, ingerindo qualquer alimento que veja pela frente e, quase sempre, escondido e com sensação de vergonha e culpa.

Já o Transtorno do Comer Compulsivo (TCC) ou Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA) é considerado uma doença psiquiátrica. Caracteriza-se quando os episódios de compulsão alimentar ocorrem pelo menos um dia por semana, em um período de seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não são acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso, como por exemplo vômitos provocados, exercícios intensos para “compensar” o excesso de comida, jejum, uso de laxantes e diuréticos como é o caso do transtorno da bulimia…

Como você pode perceber, o Transtorno do Comer Compulsivo não é apenas um exagero alimentar cometido algumas vezes por todos nós; trata-se de um transtorno alimentar sério, que deve ser tratado de forma multidisciplinar, por profissionais competentes e especializados.

A pessoa que sofre do Transtorno do Comer Compulsivo normalmente relata um sofrimento muito grande, envolvendo vergonha, culpa, baixa autoestima e uma crença infundada de falta de determinação e de força de vontade.

Mas será que o comer compulsivo realmente acontece por falta de autocontrole?

Não, não se trata de fraqueza ou falta de vontade, mas sim de uma condição que precisa de atenção e cuidado, e tão logo esse problema maior seja resolvido, as compulsões desaparecerão gradualmente.

Um gatilho muito comum que pode levar à compulsão alimentar é a prática de dieta restritiva ou proibitiva.


Ciclo do Transtorno do Comer Compulsivo


Este comportamento restritivo nos coloca em um ciclo que funciona assim:

  • Eu inicio uma dieta – seja ela restrita em calorias, alimentos ou nutrientes

  • No início funciona muito bem, pois estou cheia de “força de vontade e determinação”, mas como nosso organismo não tolera restrições, ele entra no “modo sobrevivência”, reagindo através de adaptações metabólicas que aumentam nosso desejo pelo alimento proibido e aumentando a fome e vontade de comer carboidratos

  • Em seguida, acabamos comendo algo que não deveríamos comer (saímos da dieta) e entramos no modo “já que…” e comemos de forma exagerada e sem prestar atenção, pois “já que” saí da dieta, vou comer tudo que quero (fazer uma despedida) e amanhã eu começo a dieta novamente – alguém aqui se identifica com isso?!

  • O exagero desencadeia a culpa e a baixa autoestima, além da sensação de fracasso, me levando a “tomar vergonha na cara” e iniciar uma dieta ainda mais restritiva. E assim, o ciclo recomeça…

Portanto, se você desconfia que tem um Transtorno do Comer Compulsivo, o primeiro passo a dar é buscar ajuda especializada para que você possa fazer as pazes com a comida e com você. Cuide-se! Tem tratamento e técnicas para sair desse ciclo vicioso.


A ALOTRIOFAGIA ( SÍNDROME DE PICA)


A alotriofagia, também conhecida como Síndrome de Pica, é uma rara condição dos seres humanos, e se caracteriza por um apetite por substâncias não nutritivas, como terra, carvão ou tecidos. Para ser considerado um caso de alotriofagia, essa condição deve persistir por mais de um mês, em uma idade em que comer certos objetos seja considerado mentalmente inapropriado. Existem diferentes cariações da alotriofagia, que podem ser desde uma mera tradição cultural, um gosto particular ou um mecanismo neurológico que indica a deficiência de elementos, como ferro, ou algum outro desequilíbrio no organismo.

O termo “pica” vem da palavra em latim para o pássaro pega-rabuda (também conhecido como pica pica). Esse é um pássaro conhecido por comer praticamente tudo. No sul dos Estados Unidos, nos anos 1800, a geofagia era uma prática comum entre a população escrava. Pesquisas sobre distúrbios alimentares no século XVI sugeriam que a alotriofagia era considerada um sintoma de outra condição clínica, ao invés de ser a própria condição clínica.

Essa condição pode facilmente levar crianças à intoxicação, que pode resultar em importantes prejuízos no desenvolvimento físico e mental. Além disso, essa situação pode resultar em cirurgias emergenciais, devido à obstrução intestinal, além de sintomas mais sutis como deficiências nutricionais e casos de parasitoses. A alotriofagia tem sido constantemente associada a problemas mental que muitas vezes tenham consequências psicóticas. Desencadeadores de estresse, como a orfandade, severos problemas familiares, negligência dos pais, gravidez ligada à insuficiência de nutrientes e uma estrutura familiar transtornada estão fortemente ligados alotriofagia.

A alotriofagia possui subdivisões para cada tipo de material consumido pelo indivíduo, as condições mais conhecidas são:

  • Amilofagia: consumo excessivo de amido;

  • Acufagia: consumo de objetos pontiagudos;

  • Coprofagia: consumo de fezes;

  • Emetofagia: consumo de vômito;

  • Geofagia: consumo de terra;

  • Hematofagia: consumo de sangue;

  • Hialofagia: consumo de vidro;

  • Lithofagia - comer pedras;

  • Trichofagia - comer cabelo;

  • Urofagia - ingerir urina;

  • Xilofagia - comer madeira.

Algumas outras situações famosas estão as de ingerir tinta, e até o canibalismo. Deve-se notar, que a condição só deve ser tratada como alotriofagia, se o consumo desses materiais se prolongar por mais de um mês. Entretanto, não há um exame específico que possa diagnosticar a alotriofagia. Como essa condição, em muitas vezes dos casos, pode ser associada à má ou baixa nutrição, o médico, ou outro prestador do serviço de saúde, deve fazer exames de sangue, para conferir os níveis de ferro e zinco do paciente. Deve-se, também, realizar medições da hemoglobina, para testes de anemia. Por precaução, as crianças precisam checar os níveis de chumbo, principalmente se ingeriram tinta, ou materiais cobertos por tinta. O médico também deve procurar indícios de infecções ou parasitas, caso o paciente tenha ingerido solo contaminado, ou restos de animais. Em indivíduos com diagnósticos confirmados de autismo, esquizofrenia, e alguns tipos de desordens físicas, como a Síndrome de Kleine-Levin, substâncias estranhas e não nutritivas podem ser consumidas, mas nesses casos, a alotriofagia não deve ser considerada como um diagnóstico adicional.

O tratamento da alotriofagia pode variar de paciente para paciente, principalmente por que deve-se levar em contra a causa suspeita, como deficientes mentais, grávidas ou psicóticos, e pode ser relacionado a tratamentos psicológicos, mudanças ambientais, reestruturação familiar, ou um simples tratamento com suplementos vitamínicos e mudanças na dieta. Se a causa for psicótica, o tratamento envolverá terapias e o uso de medicamentos como o SSRI (inibidor seletivo de recaptação de serotonina).



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